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sábado, 25 de dezembro de 2010

vem comigo que teu alimento vai esfriar
o sangue vai secar
a chance vai passar e outra vez

vem comigo que tua cama tá pronta
meus braços a te esperar
vem antes desse shot se gastar

vem comigo que o calor é pra ser teu
pisa nesse coração feito palco num breu
vem antes do dia amanhecer

e voce vem
vem sempre
e sempre veio
eu que não vejo

me chama que eu preciso de um alimento
o sangue não quer parar
a chance já passou e tantas vezes

me chama que eu já não tenho mais cama
me dá teus braços a me enrolar
me chama antes de eu me desencantar

me chama pra ti, por qualquer calor
me deixa dançar sobre ti, onde for
me chama que é pra me amanhecer

"Jogue pro alto, se voltar é seu"

Queria poder pensar que você é feito um iô-iô. Que está tudo bem que você se vá tantas vezes porque você sempre volta e com força total. E só vai pois eu te soltei, eu que abri a mão e te deixei ir, te deixei cair mas, ainda, basta um pequeno impulso dessa minha mão toda cheia de veia e você voltaria, sempre forte e sempre minha. Mas não, não se perde o que não se tem. Não se larga aquilo que não se segura. Você nunca esteve aqui de verdade, apenas um pôr do sol constante e distante, quase um efeito alucinógeno, uma bad do caralho - como já ouvi falarem de você, by the way.

E é isso. São palavras e podem existir alguns gestos, tudo tão ensaiado que eu não sei. Já não tenho certeza de onde estou pisando e não gosto de areia, tenho alergia. Quero é um asfalto sobre o qual posso correr, cair, me ralar e ainda assim me levantar porque a porra desse chão é sólido o suficiente pra aguentar todo o peso que carrego dentro de mim, nas costas, à minha volta e nos bolsos. Mas não, é sempre essa idéia de praia, me entendes? Uma praia bonita, eu sei, mas tão entupida de gente quanto Copacabana em uma manhã de Domingo. Sempre algo no caminho, seja um pombo, uma pessoa ou mesmo a areia onde não consigo pisar.

Fizeram um aterro em nós, posso até te jurar. Sinto a sujeira dessa areia tantas vezes já visitada a cada passo que dou. Ou quando paro. Apenas paro e fico refletindo no por quê diabos estou aqui e não lá, em qualquer outro lugar, sozinha ou dentro de alguém. E as vezes, posso até jurar também, que essa areia é movediça. A cada tentativa de fuga, mais me afundo nisso. Mas eu sei que é tudo coisa da minha cabeça.

E então jogo tudo pro alto, por que se voltar, é meu. Se voltar, eu tive. Se voltar, é iô-iô. Aí, se eu me afundar, é só jogar de novo, soltar. Certo? Não sei. Vieram me dizer que tudo que jogamos pro alto, volta. E que o foda é agarrar. Mas eu não sei se quero agarrar ou sequer se tenho habilidade para isso. Se soubesse como, seria agora goleira de algum time grande, não eu. Não isso.

Eu quero mesmo é cuspir pro alto e pro inferno que volte na minha testa, assim bem no meio dela. Quero mais que tudo se exploda, você me entendes? Quero me enfiar n'um trem qualquer, sem destino e sem volta, só viajar por aí e de preferência em linha reta. É, em linha reta sempre. Mas não consigo, também tenho medo de trens. Então me serve um ônibus? Bem, deve dar. Qualquer um menos o 432. Vou pegar um pela cor e só arredar pé dele em seu ponto final.

E se você estiver lá, seja onde for, num ponto de ônibus, numa rodoviária qualquer ou na garagem à esquina do fim do mundo, se você estiver lá esperando por mim, é por que tinha que ser. Se não tiver um rosto conhecido por lá at all, é por que não era em sua areia que eu deveria caminhar.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

letters to no one

It's Christmas again and the year is already ending. It passed by so quickly, so quickly I barely felt it. Maybe it was because, right in the middle of everything and into my numbness, you showed up... again. But in a completely different way and I just don't know what happened and I've never believed in those stories about love at first sight and well, I still don't buy them yet. Even though I felt as if the ground was swallowing me whole and everything around me was spinning into a black hole leaving only the two of us, standing there as if nothing ever happened before and we were two completely unknown kids, but with all that old everything as a back up. No, I still won't buy it.

I never admit it maybe 'cause I never noticed it, but I think I love you since the very first day when you were coiled up in the corner of the mall, eating your french fries while I just stood there thinking how long it would take me to beg for another cigarette. I loved you there. You looked at me and I felt that fuzzy inside, the one I've been trying to run away from since my very first love. Or crush, we just never know, right? But I don't know... maybe I just numbed it inside because I knew it wouldn't've worked out fine or maybe the time just wasn't right but I ended up burying it and crossing the dancefloor with so many other dancers and now... I can't follow the beat if it's not with you.

God, it is pathetic indeed. I mean, I really feel pathetic. For both feeling it and trying to run from it. But it's just that I can't trust people in this matter, not anymore. I can't take the hurt and you, if you have all this of me with only a glance, God only knows what I'd have left once you decide to walk away.

And that's because of all this apathy I play outside... I'm losing the only thing I asked for this Christmas. I lost it already, actually. God, I really feel like I went too far and I hurt you like I never really meant to. And now you're gone, now you'll run into that cage we all carry along with our hearts and lock yourself there and hide yourself from me and God, I don't want it. No, really. I couldn't take it. I just wanted you and the pain I build by myself because of all those past frustrations and the fears they bring along, well... I just wanted it all to go away. So I hit and hard, over and over. I don't know why though, if deep inside I know I'll never be able to walk away from you.

But it's Christmas, it's a time of love so let there be love. That's what I've been repeating to myself ever since: let there be love, jerk. You know that's all you need. But no, I'll take my steps back and I'll even try to nail back. 'Cause I'm not one you should trust. I get scared. I'm not good enough. I'm a little fucking annoying brat who spoiled herself in order to hide from all the shit she's seen. So yeah, I'm a spoiled brat and I can't face things like this. But I've came to that point where... well, I can't want to live without you.

But it's another year ending and people say it's a time for change and I wanna change. I wanna take you in, let you go for a ride around my world, I wanna let there be love. But at the same time I think I believe I should change back to who I was, strong and unreachable, and leave you alone.

I just want this year to end, really. But I want to be there with you. I want to see the next one coming to life with you by my side. I want to show you I care. I want to let you know I can be a better person if given the chance.

But I don't know. It's like waiting for Santa. Miracles don't happen in real life and this shit I'm stucked in ain't a fucking Hollywood blockbuster. I just wish you were here with me.

And by the way, I'll be wearing your bracelet, I will. And this little necklace I made with the pendant I stole from the gift I bought you. Maybe I'll feel closer. Less alone. Less me.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

um outro outubro

é essa raiva que guarda do mundo
e tão de ti, só para mim
e se é esse o inimigo, então me diz
por que tem que ser? e ser assim?

é essa sua dor que não passa, vai
esses seus temores e todo o mais
não é só teu não, mas vem de mim
então o melhor é partir.

e só assim aprenderá a ler
quem sabe até encontrará o que é viver
mas não sei fazer poesias
ou escrever belas cartas e umas rimas

não, não de amor

é que essa bosta só rima com dor
e o sorriso e o cheiro, um toque ou dois
é pior que fumar, uns dizem e já ouvi
é morte guardada em cada trago de ti

mas não sou eu que morro a sorrir
e nem você; não, pequena, é isso aí
isso que se construiu, isso que se quebra
isso que não pode ser amor mas não é guerra

é esse seu buraco que meus passos preenchem
uns que aprendi em tantas outras danças
é o movimento de outros quadris que se repetem
mas ainda não aprendi a falar disso

não, não de amor

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

usted

Você nunca precisou correr enquanto sangrava, sentar com um sorriso enquanto tudo queimava. Nem nunca precisou tentar fechar com papel as feridas que escondia com seus belos shorts coloridos. Você nunca viu ninguém morrer e precisar continuar andando, então cala a boca.
Você nunca passou fome, nunca viu sua criança chorar por que Papai Noel não veio esse ano. Você nunca ouviu sua mãe se dizer arrependida de ter te deixado nascer. E nem nunca preferiu trocar de lugar com um vegetal para não ter mais que precisar atuar. Então... cala essa boca.
Você nunca precisou engolir o choro enquanto apanhava ou recolher todo o seu material rasgado. Nem nunca foi humilhada ou precisou trabalhar. Você nunca viu o Sol nascer dias a fio por precisar viajar a inocência da sua criança. Então... você já sabe.
Você nunca precisou se fechar para sobreviver. Você nunca escreveu pra prisão, nunca precisou ser revistada, visitada, revisitada. Nunca precisou se apagar, nunca precisou atuar. Você... por Deus.
Você não sabe o que é desmaiar de fome e ainda assim ter nojo do seu próprio corpo. Não sabe o que é querer desaparecer para não chamar a atenção de outros e mais outros e se sentir um parque de diversão de todos os doentes por crianças. Você não sabe o que é se vender. Você só teve um coração partido, vai sobreviver.

Não, você não sabe o que é dor. Então... cala essa boca.

Between a sweet retrouvailles and the esprit d'escalier.

Meus amores que me perdoem, mas minhas palavras mais belas foram todas para você. Aquela passagem única, exclusiva, aquele chamado nunca anteriormente dado, direto para o meu mundo podre... todo seu também. As lembranças mais doces e os vestígios mais amargos? Quer outra surpresa? É, pequena. A dona desses é você também.
Uma cumplicidade que julguei jamais me permitir conhecer – e desvendar com uma fome gigantesca por amor e a sede por companhia, e amar e necessitar – era então minha mais doce companheira. Era tão minha quanto esse ar que respiro e, não mais que de repente, se foi. É, tão minha mesmo quanto o ar que respiro – artifício esse de necessidade vital que tomo emprestado a todo tempo e pouquissimo pareço dar valor. A fatia escrota da culpa é bastante minha, eu sei.
O que não sei, entretanto, é em que esquina nossos caminhos se separaram. Sempre seguimos as estradas mais tortuosas, eu sei, mas a sua mão estava sempre ali – e para todo, todo o sempre estaria, não é mesmo? - e promessas não eram feitas por que nós simplesmente não precisávamos disso. Amor não é feito de promessas, ele se constrói em atos e laços e abraços e os meus eram somente seus, não é mesmo? Só quero saber em que esquina se deu tal fato. Qual? Ipanema, de certo. Último abraço, de certo.
Talvez nem valha a pena, na verdade. Revisitar esses cantos podres das minhas lembranças, entendes? De que me valeria tentar entender algo que nem sequer deveria ter acontecido em primeiro lugar? Certas coisas são difíceis de engolir, pequena, e são essas, somente essas, que cuspimos para longe e deixamos lá para descansar... descansar até se desfazerem.
Porque dizem que o tempo cura tudo, não é mesmo? E que também apaga, se não estou enganada. Não sei mais quanto se passou, mas nada parece ter se apagado de mim em você e muito menos de você em mim. É só isso que eu espero que saiba. É o Natal vindo por aí, talvez, e todas essas luzes sempre me tocaram, você sabe disso. Sabe sim. Você que me conhece melhor do que ninguém. Você que viu a criança assustada que se traveste de leão. E você que viu o quão podre e cruel pode ser uma criança desajustada e imatura como eu. No fundo você ainda sabe de tudo, eu sei.
É que sim, Natal está vindo aí. Nascimento de Jesus, né? Tempo de fazer as pazes e tudo o mais. Ou que se foda, talvez seja só tempo de se beber em família, comer carne só para depois vomitar e gastar dinheiro. Mas para mim, só por sua causa, tem me parecido um tempo de escrever cartas, dizer desculpas e sentir falta. Muita. Uma falta maior do que essa minha necessidade de pegar ar emprestado. Quase maior que a de puxar a nicotina – minha, só minha. Quase assim como você – para dentro em ordem de manter tudo fora de ordem.
Pego minhas folhas mais bonitas e algumas canetas cheias de carga por que nossas lembranças, pequena, meus sentimentos e minhas desculpas, meu pedido e minhas saudade são todos grandes até demais. Eu poderia bancar a BIC por toda uma vida se fosse escrever tudo que corre e rebate dentro de mim, tudo isso que nos rasgou em duas como nunca fomos. Distante como nunca deveríamos jamais ter pensado em um dia estar.
Mas então logo as largo de lado e lanço mão de mais um desses meus vinte amores. Largo por todos os encontros que antes seriam preenchidos por abraços e por um amor que só fora teu – e sempre assim vai ser, infelizmente agora, felizmente para toda a eternidade e por todas as horas apreciadas -, um amor que preenchia todos os nossos inúmeros buracos e brechas e medos. Tudo, tão única e somente tudo. Por todos esses encontros que antes me alimentariam de vida, de vontade, de certeza e me construiriam um chão... largo por eles, por cada um deles que lentamente se transformaram em frieza, distância, mágoa, rancor e sabe-se Deus quanto mais sentimentos ruins que você, minha flor, sempre desprezara tanto. Largo por eles que agora nada mais são que uma tragada de raiva, um amor jogado ao chão, um olhar que esfaqueia para caminhar para longe. Longe de mim, de quem fui, de quem ainda somos, acredito eu. É, você sabe que eu gosto de acreditar.
Assim como você também já deve ter percebido que aprendi a perdoar. Aprendi a perdoar quem nem o merece tanto assim, quem nem pediu o bastante, quem vai errar e ir embora como antes. Perdôo por que aprendi a amar com a melhor das professoras. Mergulhei nesse mundo de cabeça e agora cadê você, professora? Cadê você para aplaudir, me parabenizar por finalmente me deixar sentir. Por querer deixar mais alguém entrar. Cadê você? Cadê?

O Natal 'tá chegando, pequena, e a chuva não vai embora. O cigarro 'tá acabando e eu sei fazer café forte e gostoso agora. Então cadê você? Cadê?

the world as we know it


Muros, grades, seguranças e sensores de movimento não me são estranhos, assim como para qualquer outro carioca, principalmente os que um dia já voltaram para casa com alguma paranóia ou história cabeluda de brinde. Nem mais estranhamos esses objetos estranhos que, de certa forma e para nossos olhos treinados e cansados, são parte da arquitetura do Rio. Sem esses detalhes, nossa cidade nos parece ainda mais nua e nós, deixados à Deus dará.
Mas tenho que confessar, de vez em quando, presto um pouco de atenção às coisas à minha volta quando ando por aí; são as mesmas casas de sempre, lojas, botequins, qualquer coisa normalmente ignorada mas que possa me distrair, principalmente se eu estiver dentro de um ônibus ou entediada em um carro. No último final de semana, sonolenta dentro de um carro dessa vez, acabei por notar todas as casas e edifícios ao meu redor com... cercas elétricas. Já não bastassem os muros gigantescos ou as grades grossas guardando as portarias, agora vejo cercas elétricas – que me pareceram apenas simples arames farpados à uma primeira vista – com avisos com caveirinhas, ou seja, a versão torrada de todo aquele que tentar invadir. Seria tudo isso apenas outra tentativa frustrada de se manter seguro enquanto distante do mundo lá fora?
Veja bem, não estou criticando nenhum deles. Arrisca-se quem se garante e se protege quem tem juízo e eu bem que andaria com zilhões de guarda-costas ao meu redor se tivesse grana para isso. Vida a gente só tem uma, certo? Protegemos-na como podemos. Eu realmente não vejo problema algum em viver por trás de um muro de concreto com cercas elétricas no topo se esta falsa segurança for apenas física e não emocional, se ela for te ajudar a dormir mais tranquilo, me entende? Até porque não é nem um pouco agradável a idéia de alguém invadir o meu espaço e tomar minhas coisas, minhas lembranças. Fora que toda essa proteção dá ao nosso mundinho particular um certo ar de mistério, como se um reino encantado se escondesse por aqui, com leões sábios, elfos gatos, Voldemorts e crianças que nunca crescem.
Mas não é bem assim. Parece que se tornar adulto é se prender no alto de uma maldita torre, fora do alcance de todos, tranquilo na solidão que se esconde por trás dessa falsa segurança sobre a qual tanto falo. São limites que delimitamos para manter distante qualquer indivíduo empenhado demais em nos conhecer de verdade, em invadir o que não é da conta deles, através de certos gestos, fugas de relacionamentos mais íntimos, sabes? Aqueles filtros que usamos quando seguramos a língua antes de falar o que realmente pensamos e até mesmo bloqueando nossas redes sociais... será que tudo isso vale a pena? Realmente funciona?
É o medo do desconhecido, do mais forte vir e arrombar sua segurança apenas para marcar território e mudar tudo de vez só para meter o pé levando com ele seus bens mais preciosos, suas fraquezas tão bem escondidas, souvernirs de seu mundo particular. Ótimos seriam esses muros se o medo de perder algo tão particular não fosse muito mais poderoso do que o de perder seu telefone de última geração ou coisa que o valha; o problema é que ele não te impede só de viver a vida lá fora sem maiores preocupações com quem está te seguindo, mas te impede de viver no lugar de apenas existir, se deixar ser descoberto como você realmente o é e não como apresenta para o seu público cativo e visitantes. Aciona o alarme, mano.
Enfim, por muito tempo acreditei que era melhor viver assim e ainda hoje cuido dos muros que protegem meu mundinho de qualquer bisbilhoteiro sagaz. Mas, para minha imensa alegria, o sensor de movimento que sempre me custou tão caro parece ter bobeado ao detectar uma certa presença estranha no meu jardim. É eu tacando quilos de cimento e alguém com um diacho de uma britadeira mandando meus muros abaixo; óbvio que reclamei e reclamei, resisti e até tentei fugir, mas sou uma fumante asmática, logo correr não é meu maior talento. Então estou tentando deixar o invasor chegar um pouquinho mais longe, sabe-se Deus onde isso pode parar... mas resolvi tentar me socializar com as crianças que nunca crescem daqui e acreditar em fadas.

Mas é óbvio que continuo carregando meu spray de pimenta pronto para espirrar em ambos perigos, afinal de contas, tanto meu celular quanto meus segredos são preciosos demais pra sair por aí dando bobeira.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

brilhante - clarissa

Eu queria ser como você, Clarisse. Sempre tão certas das coisas, nada parece nunca alcançar você. As vezes acho que nunca ninguém conseguiria te machucar. É que você é tão brilhante.

Que quase me cega, é. De certo. Eu estava tão sozinha aqui no meu canto por todo esse tempo que você passou longe que talvez tentar te buscar de volta, te ter de volta, poderia me salvar e me carregar até lá. Não importava para onde, entendes? Só algum lugar onde eu me sentisse em casa, um alguém quem eu tivesse orgulho de dizer quem sou.

É que eu estava tão cansada. De tentar, de amar e de nada receber de volta. Nenhum pagamento, nenhum afago, nenhuma forma verdadeira de afeto. Só aquelas mesmas em fila indiana que poderiam ter as mesmas caras e curvas e cores que eu nem perceberia alguma diferença. E eu sei que eu deveria ter percebido antes, em toda a sua frieza, o que poderia ter sido meu. Mas sou tola, Clarisse. Só aprendo no erro.

Mas alguém lá em cima deve ser muito meu amigo para te botar novamente ao meu alcance. Eu sabia que você não teria mudado tanto, eu contava com isso. Algo de mim ainda devia restar no canto de algum lugar teu, debaixo do chão, atrás de memórias melhores, eu não sei. Mas alguma coisa haveria de ter.

E errada eu não estava, você nunca me esqueceu. E a hora é essa; a minha única chance de viver os filmes hollywoodianos que sempre procurei. Mas nada me parece certo, ainda, então devo sofrer por você. Por cada vez que ouço sua voz trocar um amor por um Clarissa, frio e contido.

Nada me parece certo, ainda, você nem me preencheu. Mas é tudo que eu tenho, um pouquinho mais perto do que eu preciso ver. É por isso que eu tento, vida, construir alguma coisa verdadeira dentro desse gelo teu.

Mas talvez você nunca tenha me amado de verdade, talvez eu nunca tenha te alcançado. Mas é que eu só queria ser você, Clarisse. Me perdoe se um dia deixei parecer que queria te ter.
the broken thin glass under their weigh
in which beneath we may drop
in which beneath we may love

other drown out whishes we hurt to hide
in which we still believe to drown
in which we still build to swallow

the long dirty ends crave their own way into
lifeless lovers dancing along to their corpses
until one has never felt so alive
but one's never felt so used up

take a hand, numb a wish, enjoy the pain
as the glass turns into nothing but disdain
hold to their promises
just hold to your vain

nothing is felt so no souvenir is taken
just another trace left to be untraced.

se nada sei

Eu queria mais que algumas promessas, algo que me fizesse ficar. Algo como aprender a andar de bicicleta, talvez. As vezes tenho quase uma plena certeza de que não sei o que quero, mas sei que quero algo.

Alguma segurança? Algo que eu pudesse tocar, talvez? Mas que pelo menos me preenchesse a todo tempo e que eu nunca mais quisesse chorar. É que eu nunca consigo chorar quando deveria e aí já começo a pensar que nem sinto mais nada e então me bate um desespero que só Deus vendo e não tenho mais certeza de praticamente nada. É quando eu sei que ainda sinto, né? Acho que só perdi o jeito de como lidar com essas coisas. Esse tempo distante do meu pior lado me fez perder toda a manha.

Só sei que me arrumar algo concreto não machucaria, pelo menos não dessa vez. Mais que palavras, olhares ou gestos. Essas coisas o tempo leva e a gente não consegue guardar, segurar por aqui. Só queria saber que não rodei e rodei para voltar àquele mesmo ponto, ainda que ele me pareça o certo, algo mais próximo de casa.

Só que eu penso demais, penso até começar a achar que talvez, quem sabe, eles tenham razão e eu só precise de umas boas noites regadas à álcool, sexo sem compromisso - e nomes, histórias, essências ou gostos -, alguns machucados para lembrar das aventuras e encontrarei alguém melhor. Não sei qual seu parâmetro de bom ou melhor, do certo para mim, mas acho que discordo dele.

Mas então eu paro para pensar e, meu Deus, o que mais eu poderia querer? Eu sei que pior não fica mas melhorar? Eu não mereço algo melhor, não vou ter esse melhor e nem acho que vou procurar. Não sou assim. Vou arredar o pé antes de chegar lá. Mas não sei, não machucaria saber onde diabos estou pisando afinal. Acho que eu não quero o melhor, só quero o que quase encaixa nesse vazio.

Mas é só uma questão de paciência, é meio que uma prova dos nove e se eu aguentar por tudo isso, se eu chegar lá e saber disso, é por que era pra ser. Se não, era só mais uma das milhares de provas de que eu encontrei outra ponte. É, outra... não sei, outra lição. Mais um degrau para que eu me transformasse em quem tenho que ser, para que eu preparasse tudo para quem tem que vir preencher isso aqui (mesmo que eu não queira outro alguém, pelo menos não agora).

E de aproveitar essas horas massantes, a distância e os contras. Aceitar e acolher tudo isso para tentar aprender uma coisa ou outra. Alguma hora isso vai pra frente ou afunda de vez, é só respirar fundo e esperar encontrar seus braços novamente.

E está tudo bem, eu sei que sim. Alguns maços e uns delírios depois, eu sei que ainda sou aquele menino pré-adolescente e perturbado com meus hormônios. Então para que me preocupar, me segurar ou impedir? Para que fugir? Quem sou eu para falar de amor se nada sei? Por isso me calo, já percebi o quanto erram aqueles que falam demais, que tomam tudo como certo e de seu pleno conhecimento. Por isso me calo e espero. É, espero. Espero por quem vai vir aqui me ensinar um pouquinho disso e quem sabe conseguir me fazer abrir a boca para falar de amor.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

blame it on conor

now i've been trying to cry since 3 am last night
but i guess it seems as i simply ran out of water
i'd settle for any filling for this void, this null i avoid
anything would be better than...

so i just drink what i get
an old sake or what's left
some meanless conversations made to waste
as i slow my pace into some sort of fate

i know i could've learned back in time, it's true
but now it's just too boring to crawl out of this room
or maybe i'm just too tired to stand up and roam
but one day for sure i'll memorize how it tastes

now my face's dead and still
can't neither smile or cringe
but it's just my way to get by, i'd say
as i swallow the rants i can't give away

but this bus won't stop and this book won't read itself
i'm running out of time and i can't do nothing but sigh
they seem worried now, that a crying's been replaced by silence
if only they saw i couldn't care less

so i kind of do what i can
cherish my twenty friends
packing a thousand packs under the amp
so i'll pretend i'm some kind of starving genious or some shit

but i swear i'll love your hate, feed this doubt you can't take
i'll wear the mask you made, i'll be what it takes
as long as i can walk away

and i swear i'll treat you morphine, if that's what puts you to sleep
i'll even make you slip away, quietly and numb
as long as i can walk away


beijo grande pra quem tentar estudar economia política e termina o dia com uma música deprimente. obrigada, conor. obrigada, vida.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

no dope, no hope - clarisse

O tempo está passando tão devagar ou tão rápido, já nem sei mais, que ainda é uma terça feira e eu sinto como se estivesse, não sei, na quinta. Tudo começou naquela maldita quinta passada, eu não sei, parece que meu chão sumiu e levou junto com ele toda e qualquer noção que já tive da realidade e do tempo que esta leva para passar e nos arrancar certas coisas. Fui lá, para aquele lugar que acostumei a chamar de lar - mas que agora é só um lá, como todos os outros -; encontrei-o, neguei-o. E então veio o dia seguinte e esperei, não lembro o que fiz, não sei bem o que pensei. Só sei que de quinta para sexta eu não dormi por alguma razão e agora, eu não sei, acho que até lembro de alguma coisa. Alguma conversa importante, alguma coisa; mas era feriado e nos feriados nada importam.

Então chegou mesmo a sexta e enrolei o máximo que pude; procrastinei. Procrastinar é uma das palavras que mais gosto. Procrastinei. O tempo seguiu e esperei, esperei novamente. Fumei e fumei várias vezes mas não me acalmei, nada nunca me acalma, muito menos ultimamente. Outra conversa, mas dessa vez nem um pouco importante, na verdade não me importei nem um pouco mas precisava matar o tempo e sei que você vai estar sempre ali já que você serve é pra isso. Fumei um pouco mais e finalmente entrei. Entrei e então puxei o primeiro copo. E mais outro, pediram cigarros e me deram; flashes, sorrisos e eu já nem sei mais o quê. Bebi, bebi e me diverti; fugi e mijei. Acho até que me escondi.

E então horas inacabáveis, pessoas malditas, mas ali na frente estava tudo caminhando corretamente. Aqui embaixo, aqui ao meu redor, pessoas amadas, tudo caminhando corretamente nessa nossa estrada torta. Outros encontros, sorrisos, outros cigarros pedidos. E então a hora passou. Passou e esperei novamente; chocolates e nem gosto deles. Vinho, vinho caro e bom e de graça ali, ele ainda não tinha chegado. Flashes, no flashes, só uma confusão e agora de nada sei e amanhã de menos ainda me lembrarei. Ele, ele, confusão, flashes, confusão. Outro não, nego aquilo que desconheço; sempre. Esqueci a porra da bolsa, acho que esqueci quem sou.

Então chegou o outro dia, o sábado, eu acho. Pouca ressaca física apesar da mistura e da falta de comida de antes - por que depois tive larica, bateu o desespero de ter outra porra naquela bebida. Devia ter ouvido alguém, alguém deve ter me avisado. A ressaca era moral por que tenho escrúpulos adoráveis dos quais nunca largo. É. Mas então voltei para o lá - que costumava ser lar - e vi café e lembranças da infância e parques abandonados e talvez eu tenha me sentido em casa novamente, mas voltei lá e me escondi por que bem, tenho medo do desconhecido. Desculpas à fadas e estava tudo certo, lá - que não sentia mesmo como lar - estava eu fugindo e negando novamente.

E mais tarde mais bebida, eu era eu novamente, mas agora existiam outros eu também. Nenhum contato, acho que eu não precisava de você naquela hora, eu ainda tinha os meus cigarros e os meus...

Então o tempo passou, não durmo. Cansei, quero sumir de você por que você é um saco. Mas eles são tão adoráveis, talvez eu devesse dá-los uma chance, foi o que eu decidi. É que eu decidi que não ia mais fugir e ir dormir na vontade. O céu era cinza hoje.

Mas então você pediu pra ficar e eu fiquei, estou tão cansada de tudo que até consegui cochilar. Mas então veio esse dia de terça que mais me parece uma quinta e, meu Deus, ele poderia ser eu; eu não teria problemas em ser ele, eu até gostaria de ser ele. Mas eu não sei, não sei. Acho que se fossêmos um o apocalipse aconteceria. Mas como não acredito no fim do mundo, deixei estar.

Mas já está tão tarde de novo e eu não consigo dormir, apesar do sono. Você veio de novo e, cacete, você cansa. Você e, putaquepariu, todo esse seu circo - nunca vou conseguir chamar isso de meu. Mas aí eu cansei e deitei, achei que talvez pudesse dormir para chegar logo a quarta e depois eu finalmente viver a quinta. Estou ficando com medo da quinta, sabia?

Mas nada dava em porra alguma então eu levantei e saí ligando, acendendo tudo - tv, luz, computador, cigarro, a porra toda. Fui na cozinha buscar umas coisas, mastiguei e cuspi tudo menos o café. Então eu continuei sentindo que algo faltava por ali, peguei o livro e fui fumar.

Então eu estava ali na sala, fumando e lendo e pensando no que diabos eu estava fazendo, quando ele veio com seus olhos desesperados apenas para refletir os meus. Deixei-o vir, me ensinar um pouco o que viria a ser o afeto. Então pensei que não devo ser uma má pessoa, não lá dentro, ou ele não iria vir ao meu encontro toda madrugada que saio para a sala só para fumar e de vez em quando ler, noutras só reclamar, mentalmente e sozinha, de tudo, grande ou pequeno, que de alguma forma me incomoda tanto.

Ouço grunhidos vindos do outro quarto e sons de pés a mexer em chinelos, membros a procurar um caminho seguro no escuro e olho para o relógio - três e caralhadas da manhã -, estou cansada e bocejando e eu deveria conseguir dormir, mas como sempre estou sem sono. E então ela vem, meio perdida e mansa só por que está dopada de sono - and no dope, no hope - e já até posso ouvir sua voz irritante repetir para mim "Clarisse, vai dormir". Nem seis segundos depois e sua boca seca da madrugada de sono que aproveitara - e que eu perdira jogada na cama me perguntando por quê diabos não durmo quando estou tão cansada - mexia-se apenas para cuspir exatamente o que eu previra. Dei de ombros. Foda-se. Como se um maldito dum resmungo fosse me enfeitiçar e me derrubar desacordada em algum canto daquele apartamento.

E então trancou-se no banheiro e dei mais algumas outras tragadas. Pensei novamente naquilo que havia escrito mais cedo, sobre muros e trancas e aquela falsa segurança que erguemos para nos manter longe dos pivetes e dos amantes bisbilhoteiros. Voltei meus olhos para o livro em meu colo enquanto ouvia o pequeno ser - queria chamá-lo de indivíduo mas não sei, acho que não dá. Indivíduo algum poderia gostar de mim a ponto de lamber meus pés - seguia para a porta que dava para o pequeno cubículo que dividia o quarto do banheiro; coitado, esperando, calado, alguma forma de afeto vir dela.

Então ela saiu, voltou para o outro quarto e segui para a cozinha já que o cigarro havia acabado (e o maço estava prestes a tomar o mesmo caminho). Bebi, eu não sei, uns três goles d'água pensando no que iria escrever quando sentasse o rabo aqui de novo, de frente pro computador, onde estou agora. Estou sentada e escrevendo sobre coisa alguma e ainda sem saber o que quero dizer.

Então..

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

no, she doesn't regret a thing.

I like sweet things, pastels colors, cotton candies and long drunk dreams
I like aching while I wait and goodbyes because that's what I'm made of.
I like reruns when the ticket's price's too high, you know I'd never bet low.
I like myself a few of them and a lot. I like things and then I hate them but I,
well, I know I'll like them even more.

I don't like promises when they sound like mere rotten chains and vain
while they jump out of your sore lips in a heartbeat and so thoughtlessly
only to remain ringing in my ears, crawling through a poor and itching me.
I don't like long cold goodbyes when it's your hand waving me away but,
well, I don't like the sound of your steps.

I want Almodóvar writing my script, Piaf singing it away in pure joy and tears
I want the best actors to recite my lines but I'll keep the lies all mine, only mine
I want French love affairs and never ending trips to the sky and to trip on you
And on him and on all of them and I want to feed my hunger in your arms but,
well, I want more than they're willing to fake.

I don't want to learn from mistakes, I'd only cherish them like mother like son
I don't want to stop to take a breath and admire the sight, life's way too short
And I don't want to come back here ever again, it's only once and with feelings
I don't want to reach to you and I don't want to let you go but you, filthy whore...


I'm getting sick of your cheap burns and it's getting late, I can't miss the next.
There'll be thousand others and pictures to remind them all and kisses and all
there'll be better touches, plenty of fucks, worse lips but there'll be none, dear
there'll be none who'll take your place.

It was good while it lasted the first time. Good and painful.
And it's being great now that it's ending for the second time.
But life is too short and I'm afraid there'll be no next round.

catecismo em nilópolis

"o copo pode estar vazio, mas seu coração sempre está cheio."
"já posso sentir o álcool percorrendo meus capilares."
"quase uma brastemp!"
"odeio quando fazem o semi-conhecido."
"os dez mandamentos."
"você quer ajuda?"
"você não quer isso, é sério! você não quer! menino, isso tem pimenta!"
"não cheira, só bebe."
"isso vem da onde? de malibu?"
"vou parar de beber quando fizer dezoito."
"e eu fico tipo: GET A LIIIIFE!"
"vocês fazem catecismo? eu fiz catecismo em nilópolis. - isso daria um livro."
"como no final de um filme, aí a gente olha para o céu e a câmera se afasta e aparece "fim"."
"tenho dezenove anos e não vivi minha vida em sua plenitude. mas eu moro aqui perto, então eu sempre volto."
"Deus é pai! Deus é maior! Deus é maaaaaaior!"
"Você é a Cris, né? Eu sou a... mas a senhora não vai lembrar de mim. A senhora vai lembrar de mim? Por favor, lembre de mim, porque eu vou lembrar de você."
"Ele é um pequeno Mussolini."
"Ah..."
"Se eu já sei como será lá... com gente sentada em bancos na chuva. Fico na chuva daqui, no banco daqui."
"no meu bar, nãããão!"

"apertar.''

Preciso me lembrar as outras tão melhores e fazer um livro. É, vou fazer um livro e o título será "catecismo em nilópolis".

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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domingo, 10 de outubro de 2010

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sábado, 9 de outubro de 2010

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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

só as mães são felizes.

Você nunca ouviu falar em maldição
nunca viu um milagre
nunca chorou sozinha num banheiro sujo
nem nunca quis ver a face de Deus.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

neorago.

Eu não peço muito, eu juro. Eu só queria que essa febre baixasse, que minha imunidade se fortalecesse e eu pudesse sugar a sua dor. Ser menos distante, saber abraçar, alcançar. Poder te tirar desses tubos e te conectar à mim, absorver o que te mata e te ver de pé outra vez.
É que você nunca vacilou na minha frente, nunca tropeçou ou caiu. Todos esses heróis das outras crianças são pinto na frente de quem você é, do que você faz por mim. Mas ninguém é de ferro, ninguém é eterno e eu já devia saber disso. Sempre vejo tanta gente vir só para ir logo depois, mas eu não sei se poderia passar por essa sem você.
Por que era você comigo me fazendo respirar, comigo no elevador quando ele caiu e eu estava dopada demais para entender o que te fazia passar. Era você ali, sorrindo para mim mesmo quando eu tomava o caminho contrário e jogava por terra tudo o que a sociedade tenta me fazer acreditar que é o fácil. É você me apoiando nas burradas, nas saídas e nos porres de finais de semana, nos sonhos idiotas de entrar em Julliard ou poder ter uma vida decente na Coréia.
É você quem me derruba, só você. Seja com suas palavras rígidas, sua falta de tato ou quando cai numa cama de hospital; aberto e com água podre jorrando de você, o corredor vazio e minha mente girando. Você não deveria ser o Super Homem com alguma kryptonita. Você não pode ter fraquezas ou eu não tenho em quem segurar. Então, por favor, volta logo. Eu realmente não sei andar sem a tua força pra me manter de pé.
Por que todos eles tentam e por isso eu agradeço, mas eu não posso te perder. Não posso te ver calmo, dormindo quase sem respirar, com só uma máquina te mantendo aqui. E se a luz acabar? Ela deve ter uma bateria, eu sei. Mas baterias acabam e você não deveria depender de uma. Você é tão mais... Quero a sua fúria de sempre, você pode berrar o quanto quiser, me xingar o quanto quiser, só não me deixa sozinha.
Tudo me dói, pai, e os dezenove anos não deveriam ser assim. Tudo arde, 'tô sem pele e a carne queima feito pra caralho, 'tô dizendo. Cadê você pra me esconder os cigarros, me mandar ir tomar um remédio, beber água, deitar? Cadê você pra me fazer comer? Eu 'tô comendo tanto por ti, pai. Eu poderia engordar uns cem quilos se isso fosse te trazer pra perto de mim agora. Eu poderia comer um boi, o nosso cachorro, eu comeria um braço meu se isso fosse te fazer voltar a sentir o teu.
Só não me deixa aqui sozinha, por favor. Eu 'tô te pedindo.

the nowhere grain

Because of her deep voice and that slim, tiny flat body of hers she would groan once in a while "I'm not a boy" to the old refined ladies of her famous neighborhood. "Or at least not right now, not in this life" the whispered words would drown into her weak breath. We never really know what we truly are on the inside. And she believed in many things like being an old soul living several lives in different bodies throughout what we call a world, her Earth. She also believed in taking a bus to nowhere in particular just to talk on the beach, the entire beach, listening to whatever band could play her wrapped thoughts, probably her favorite one. But not on the sand, you know, but on the dirty sidewalk. Walking on the sand is for easy, figured out people. But is there someone completely solved out there? In that she's never been sure if she believed in or not.
Because, you see, there is only one Earth, only one sand in that neighborhood but zillions of people. So we have to see it differently, it's obvious. There are the double of eyes, Heaven knows how many minds or sights. But a cold glare would keep them from trying to invade yours. Because, well, in that she believed, there is no common place on the real deal.
As the world can't stop turning and gravity won't let go of her work, we gotta come and go. So she couldn't ever be sure of what she is by this turn... maybe a legit woman? That's quite impossible, maybe an old lady trapped inside a 12 years old slut's immaculate body. But, at least tonight, she knew one of her little boys was showing. And she shouldn't hide it, no. But only because once you're aware of it, you develop into something else - hanging between two opposite poles, absolving one and putting the other to keep on going, functioning.
Now the ride is almost over and she's right around the corner, so stop calling. This fraction is only getting a grip, you know? 

No, she wasn't a boy... only a rotating grain.

domingo, 26 de setembro de 2010

candy rain

Like fireworks, magnificent but short. It’s a vicious cycle.
Some people are happy together.
Some people are happier when they are not together.
Some people are unhappy because they can’t be together.
And some will never be happy even if they are together.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

can someone take this pen out of morrissey's hand?

No meio da falta do que fazer rendida pela insônia achei as letras de umas músicas antigas que tinha feito (sozinha ou com outras pessoas) no outro disco rígido desse PC.

Tudo muito merda, viu? Mas vou postar algumas aqui, de vez em quando e nunca, só para não perder de vista de novo...


when you were young there was a diamond sea
it really seems like you have found the Peace Pill
take the road to an end you knew you'd see
it happens while stores keep feedin' our dreams

life lies beneath the mirrors we share
hurry up maybe you still can get there
working all day without a second of sleep
don't look back and you'll steal what you need

if you never let them get you lying
you'll never let them get you alive
and before the sun burns up your skin
you can always leave to that same old sea

find a way to not face the truth
keep it locked inside the best of you
the fear and shame of punishment'll be gone
buried by diamonds, dear you're done

there's a gun in every sin of the road
when they take every girl they need
like diamonds cuttin' down your throat
you gotta hurry to drown in that cold sea

if you never let them get you lying
you'll never let them get you alive
and before the sun burns up your skin
you can always leave to the same old sea

now that the diamond sea reflects in your eyes
just know growin' up means wearing a better lie

Nossa, essa vai ser pra sempre minha favorita <3

sábado, 11 de setembro de 2010


“Perhaps we don’t like what we see: our hips, our loss of hair, our shoe size, our dimples, our knuckles too big, our eating habits, our disposition. We have disclosed these things in secret, likes and dislikes, behind doors with locks, our lonely rooms, our messy desks, our empty hearts, our sudden bursts of energy, our sudden bouts of depression. Don’t worry. Put away your mirrors and your beauty magazines and your books on tape. There is someone right here who knows you more than you do, who is making room on the couch, who is fixing a meal, who is putting on your favorite record, who is listening intently to what you have to say, who is standing there with you, face to face, hand to hand, eye to eye, mouth to mouth. There is no space left uncovered. This is where you belong.”


that's all i need right now, to be quite honest...

ps.: resolvi abrir os comentários de novo, é.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010


Human beings are funny. They long to be with the person they love but refuse to admit openly. Some are afraid to show even the slightest sign of affection because of fear. Fear that their feelings may not be recognized, or even worst, returned. But one thing about human beings puzzles me the most is their conscious effort to be connected with the object of their affection even if it kills them slowly within.
Sigmund Freud


Freud explica, né? E obrigada por me aturar efusiva, Tamy. Quem diria te ter de volta aqui, hein? (:

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O problema da parada.

Sabe quando você precisa escrever, mas não sabe sobre o quê? Quando não adianta passar a tarde vendo filmes "inspiradores", enchendo o bucho de café e cigarro toda montada na alternatividade que... você continua no bloqueio? É que nem sempre...

É que assim... o tempo tá passando, sabes? E por incrível que pareça, já me sinto parada demais. Não preciso de um porto seguro, não sou dessas que para em algum lugar. É só continuar movendo, remando, correndo... é só continuar chovendo na minha parada que tá tudo certo.

E não é que eu não queira precisar de alguém (não quero usar aquele pronome pessoal do caso reto aqui porque isso não é nenhuma acusação ou coisa que o valha. Olhe lá, não é nada pessoal) ou settle down e colecionar fotografias fofinhas de uma tarde tranquila. É que a minha máquina não tem memória RAM o suficiente pra isso. Quando o programa começa a pesar, lá vem o looping e trava, meu chapa. Trava feio. Digamos que o meu Windows seja pirata e essas coisas verdadeiras aí, todas sempre com um preço muito alto, elas pedem aquele maldito serial e dessa vez... teu produto veio sem caixa.

Não sei o que houve quando liguei hoje, mas eu quis reiniciar no modo de segurança e tudo ainda me parece fora do lugar. Vai ver eu caí na morte do colorido lá ou entrei demais no YouPorn, vai saber; não me parece ser vírus, mas acho que não vai sobrar nada na placa mãe.

É que assim... você nasce uma coisa, sabes? Quando te fabricam, tu pode dar a sorte de vir naquela série perfeita, moldada, pronta para ser preenchida com os melhores softwares legais, com o certificado de compra e o serial sempre ali para quando precisar de um reset. Ou então,(in)felizmente, você pode dar a puta sorte de ser uma daquelas unidades dentro de milhões que vêm com um delicioso defeito de fábrica. Aí, sinto lhe dizer, mas não tem jeito. Não há crack que resolva.

Não adianta meter o pé na tomada, pau que nasce torto nunca se indireita. É foda. Te juro que eu devo ter sido realmente made in China, esses meus olhinhos puxados não negam... E o único problema é que cada vez que você tenta me usar e eu reinicio, menos tu e mais espaço me sobra na minha memória. Estranho, eu sei, mas é assim que as coisas funcionam por aqui.

Eu sei que aquelas máquinas novas com seus sistemas em alguma língua bizarra que nem o seu alfabeto utilizam, todas pimpadas no mistério são realmente muito interessantes. Mas é que você ainda é meio analfabeto, cara. E, desculpa, mas não tem nenhum tutorial pra minha série solto aí no Google. Ou é pimba ou não é e contigo a parada tá travando demais e eu não sei se algum técnico saberia lidar com isso.

Eu só queria mesmo, no final das contas, é dizer que eu não sou a solução... eu não sou o sistema certo para você, digamos assim. Tu, distraído na madrugada, deve ter baixado a versão para testes crente que era a completa. Tá tentando crackear a todo custo e eu até acho isso legal, mas não tá dando pra reiniciar anymore... Essa nossa versão é tipo MMORPG baixado no Baixaki... baixa rápido, instala fácil, te distrai bagarai e você tá super feliz lá, rodando madrugadas com teu avatar só que... quando chega na fase sete, acaba. Tu vai meter a mão no bolso pra arriscar a versão original? Não, não vai e nem vale a pena. Já te disse que meu sistema é pirata, cara.

Então antes que eu trave de vez e acabe perdendo qualquer traço seu em mim... me põe de lado e vai atrás da tua máquina certa. Talvez assim você até possa voltar de vez em quando pra jogar uma paciência ou papear no nosso MSN não atualizado.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

you're waiting for a train...




call me once your plane lands, i'll be the earth where you stand
pull me down to walk over me, go on and smile from ear to ear
tell me sugar or bitter, just let me read you between those sweets
only 'cause it feels so good to feel so weak.

Let 'em tie us down and put up a show, it won't hurt if you crawl
They could set me on fire, it's ok, i'd be ready to get up and smile
'cause you're around now, after so long, after gone, you're around
hangin me high just to watch me goin down.

Call me once you've got plans, i'll be there to make 'em happen
just like one and one and one ain't three to me, i ain't learning shit
so open up my goddamn eyes and show me how this shit is done
i'm growing up and too tired to walk alone.

Let them burn the stage again, people only need to make a scene
'cause that's how the story will always end, no need to feel mean
as above so below, we're waiting for a train riding nowhere fast
so it's me knocked down on your road again.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

the rainbow song


i love the beginning and the ending
because the colors are so pretty and the angles...
red and blue and green just like a kodak picture...
and among that so flat but straight

i'm thirsty, i'm hungry
i'm in need, i am sick
i'm up and i'm down
nowhere to be found

i love the beginning and the ending
i'm stuck at the start and you are at the finish line...
i need to swallow and inhale you into a better me...
and among that so young but narrow

i am hungry but here
you see so i can't give
i'm up so you're down
you lost what i found

but down at the finish line
what ended was only me
you're still going on
and on and on and...
just like a rainbow
so flat and straight
or an airplane crash
so young but narrow
and chosen by arrows
sweeter than shackles
dancing to your beats
staining my symphony
nowhere to be found
no one's to be bound

sexta-feira, 25 de junho de 2010

ubuntu

você -
que quebra todo o meu gelo;
que arromba as portas que eu tranco;
que explode os muros que levanto;

você -
que arranca sorrisos da minha cara amarrada;
que me ensina o que é caminhar acompanhada;
que tenta, pacientemente, me ensinar o que é...

você -
que chegou de mansinho, assim, todo quietinho;
que chegou feito mineiro, comendo pelos cantinhos;
no seu próprio ritmo, na sua batida, pra me melodiar...

você -
que é mais parte de mim que meu juízo jamais será;
que me ensina a espremer do choro aquele riso
meio assim com aquele gosto amargo de quero mais...

de que preciso.

você -
que me faz tremer a carne;
que invadiu minhas entranhas;
que me cortou o que remendou;

você -
que é assim meio sensacional nas suas falhas;
que sempre me corta só pra me deixar sem fala;
que me faz baixar a crista, desistir da guarda;

você -
que veio pra ficar;
que veio pra amar;
que veio pra aguentar;

você -
que é mais eu do que eu jamais serei;
que é melhor do que um dia sonhei;
que me faz rimar feito rock inglês;

você, minha criança. meu filho, meu bandido. você que já não é mais tão menino, homem feito de barba e coração cristalino. você que sempre será minha criança, minha cria, meu protège. você que é tudo pra mim...
hoje você é mais você; o mundo é mais você! o universo conspira a teu favor só pra atender ao teu prazer.
e você hoje é mais que quatro letras, um acento aqui e uma correção de gramática ali. você é eu, eu sei. e ti? do ya?

mas não se engane, pequeno, achando que isso é meio assim que só hoje... é pra todo o sempre feito conto de fadas, grudado no ramo que carrego gravado no ombro. no direito, onde você sempre se apoiará. o ombro daquela mão que sempre estará lá pra ti, só pra ti. pq só você é você. e só nós somos eu.

eu aqui achando que meu maior presente de aniversário para ti só poderia se resumir em três palavras.. mas não. na verdade, esse foi o melhor presente que eu já ME dei. sim, sou egoísta... eu sei...
mas então eu lembrei das aulas mirabolantes de antropologia e de uma palavra que eu achei assim tão linda, que meio que me fez pensar bastante em você, só você. enfim, deixe logo eu te dizer: "ubuntu - eu só existo porque você existe." é uma palavra africana e a mais linda que eu já vi. mais linda que amor, mais linda que você e qualquer outro grupinho de quatro letras que possa vir por aí. mas só porque é a maior verdade que eu conheço - eu realmente só existo porque você existe.

parabéns, carlinhos, meu filho... estou te devendo um nascer do sol na maria quitéria, né? pois hoje eu te dou. :) ubuntu, meu dongsaeng mais necessário~~

sábado, 19 de junho de 2010

"Cara, eu 'tô muito louca..." - a menina sussurrou, abraçando-o quase assim muito forte (ou seria o travesseiro?). Mas, sabe? Não faz diferença. Ela 'tava assim meio fraca, meio mole e feito nem barro nem tijolo. "Barro" é uma palavra muito estranha, pensou. Se é que ela estava pensando certo por que tava tudo assim tão louco, nada 'tava fazendo muito sentido não.
"Eu 'tô uma merda, cara... te juro" - resmungou e logo fez mais uma de suas milhares de notas mentais - parar de falar tanto "cara". É.
Mas aí era tanto barulho ao mesmo tempo, tava tudo uma confusão nesse tédio dos infernos, uma confusão do caralho. "Fiz bem em ter guardado aquele remédio. Mas eu devia ter procurado no Google primeiro..."
Mas nem é como se ela não tivesse o feito, pois o fez. Procurou, leu, estudou a possibilidade de ficar assim meio tão louca mas ainda assim quase nada, meio sóbria quando não 'tava vendo era noção de nada... mas viu que com álcool ia ficar era louca demais. Deu pra trás, afinal de contas morrer numa situações dessas com o cabelo podre desse jeito cheio de talco e a maior cara de cu a qual tinha alcance ia ser muito escroto. Até pra alguém como ela.
"Mas que merda que isso 'tá ficando, velho..." - afundou a cabeça naquela volta genial que existe entre o ombro e o pescoço das pessoas escolhidas pra esse tipo de função. É, aquela de encaixar direitinho na gente e tudo o mais. Se era o travesseiro ou não, pouco importava. Aliás, o quê importa tanto assim afinal de contas? Me diz. Fodam-se as vírgulas.
Aí ela se mexeu mais um pouco e o som do desenho 'tava tão alto em seus ouvidos que já tinha virado barulho e mais confusão. E o sono que é bom? Nada.
É foda não dormir. Mas café é bom demais.
Aí ela resolveu que iria ligar pra melhor amiga, mas pensa só... já são umas duas da manhã. Seria suicídio, porra. Ninguém liga pra casa de ninguém às duas da madrugada até porque ninguém faz nada com ninguém, só com alguém. Mas enfim, se perdeu de novo, né? E porra, você tem que aprender a usar os porquês, caralho.
Te falar que 'tô cagando pros pronomes, pensou de novo. É que ela pensa demais, sabes? E um foda-se pras aspas também.
Aproveita e manda um foda-se pra porra toda porque nada 'tá valendo muito a pena ultimamente. E eu 'tô com uma preguiça do caralho de levantar a bunda da porra dessa comodidade (comodidade?) e ir fazer algo pra alguém... então faço pra ninguém por que é bem isso que não se faz.

Tipo, não eu... ela, mas você sabe.

E se não sabe, encontrei mais um motivo pra um foda-se. Tanto eu quanto ela. Teria uma vírgula aqui? Hein?

Sei lá, ao invés de me deixar com sono ela 'tá achando é que essa merda me deixou com tendinite por que tá bem doloroso ou dolorido ou o quê diabos fosse pra digitar na mão esquerda. E agora eu 'tô afim de mastigar, mas você sabe... engolir não rola e eu acabei de escovar os dentes. Isso por que dizem que essa porra te apaga e é assim que as gurias são estupradas nas boites (buatchys, hihihi engraçadinho você, hein?). Mas sei lá, eu 'tô é bem ligada.

Acho que ela 'tá precisando é de um pouquinho de café e eu conheço aquela papinha de biscoito maravilhosa que é ótima pra esse tipo de situação. Mas sei lá, queria dizer que fui eu quem inventei aquela porra, mas meus antepassados (hahaha valeu, Mulan!) já comiam essa maldição muito antes de eu sequer nascer. E aquela merda engorda, é uma puta duma bomba aquilo. Doce até os infernos.

Aí tá todo mundo reclamando que eu tomo muito café, né? Por isso que eu vivo tremendo e toda louca e desconfiada de tudo quanto é coisa e ansiosa e tudo o mais. Mas vou te contar um causo~~ aê... eu tomava café desde neném, cara. Desde antes de eu sequer aprender a usar colher. Eu ficava lambendo aquela maldição feito gato tomando leite da cumbuca, cambuca ou sei lá e é por isso que eu sou assim ligadona na porra toda mesmo lerda feito um zumbi em NF por aí. Enfim.

Eu não 'tô bem não, cara. Ela repetiu. Porra, ela só fala isso. Deve cansar tudo quanto é infeliz que tenta algum tipo de dinâmica com ela. Mas a guria até que é bem legal no final das contas. Assim, não é de se jogar fora... é só deixar na estante.

Mas sei não, viu? Ela não tem cara de enfeite que preste para ser colocado na frente, no rack da sala ou na mesinha de cabeceira. Tá mais praquelas merdas que a gente sempre recebe como lembrancinha de aniversário de quinze anos e morre de vontade de tacar na parede antes mesmo do ''Parabéns''. E taí algo que eu bem cago e ando por que vou te contar que eu odeio doce, ainda mais bolo com glacê. Tem que ser uma parada mais tr00, assim, com pasta americana (que é doce que só, puta que me pariu. Cuspo tudo e bem feliz, vou te falar) ou então sei lá, aquela outra cobertura dura e sei lá. Que seja, nem gosto de festas de 15 anos mesmo. A última (e bem acho que a única, sei lá) em que fui, minha ex-sogra tentou arrancar meu aplique. Fino, bem fino. Sou dessas, pura finesse~~.

Aí tá, né? O tempo tá passando e a porra desse remédio tá me deixando é mais ligada do que deveria. Isso sempre acontece comigo, eu devia ter esperado por essa.. remédio que é pra dopar me deixa mais ligada que qualquer outra coisa e cafeína me deixa lerda que nem ninguém... Sei lá, eu fico assim meio mole mas não consigo dormir por que ninguém para quieto nessa porcaria e caramba, a guria tinha me prometido que eu ia apagar na hora. Tá, não na hora, mas assim, ia apagar bem rápido e poderia vir até aquela bandinha irritante de Ipanema tocar no meu ouvido que eu ia continuar dormindo. E segundo o Google, dá até amnésia. Tô mais pra quem vai ter uma alucinações bem escrotas e mergulhar na bad trip de cabeça. Grrrrrreat.

E sei lá, lembrei de uma coisa. Cadê todo mundo?

quarta-feira, 9 de junho de 2010















I don't wanna be your friend, I just wanna be your lover.
No matter how it ends; no matter how it starts.
Care about your house of cards and I'll deal mine...

the main file was deleted. please seek for help in our forums.

vem cá, você já percebeu como isso aqui anda frio?
eu sei, mas eu só queria um pouco mais de liberdade
e a certeza de que não preciso rimar para te atingir
mas sim, sim. é verdade. estou quase congelando...

e é incrível como os dias voam, não é mesmo?
assim fica fácil entender esse seu procedimento
e esconder e encantar e fingir e tentar enganar
deus! é ridícula essa merda em que me tornei

mas a culpa não é sua, não fique assim.
já entendi, agora é só você fugir de mim
e você já está a rimar de novo, arlequim
sim, sim. talvez seja melhor pôr um fim...

...aqui.

mas o quê diabos você quer dizer com isso?
com cada passo que dá, frio, conciso. hein?
você nunca vai entender, pequena. desculpe...
tudo bem, enfim. você vai perder seu ônibus...

e eu continuo aqui
incalcançável, sim.
digo, longe de ti.
intocável, inteira
na metade podre
feito fim de feira
mas vá logo, vá.
você vai perder
você vai perceber...
você vai entender...
você vai. vai?

vai?

domingo, 11 de abril de 2010

Não sei quem foi que surgiu com essa idéia de que artista tem que ser miserável, uma personificação de um ser humano denso de decadência. Também não sei quem a espalhou. Só sei que, pra mim, colou.
Desde então, ou melhor, desde sempre - ou a partir da onde ainda me permito manter registros memoriais - tenho tentado piorar, apodrecer. Em miúdos, me tornar essa massa mofada que todo artista supostamente deve ser. Porém, continuo com essa mesma necessidade selvagem de escrever, digo, produzir (nessa altura do campeonato estou aceitando qualquer coisa). Sim, eu continuo com essa insônia maldita, a casa cheia e barulhenta, essa vida de merda e escrever que é bom? nada.
Mas a culpa não é minha, não mesmo. Ninguém cala a boca na merda dessa casa. Mordaças? As minhas, só se for.
E agora mesmo isso aqui está um inferno, mesmo às três da manhã, Mas tudo está ok, nos trinques; eles compraram um sofá novo.
Gostou de seu novo trono? Que bom. Você parece um bolo de merda sobre ele.

Decidi que ia começar um diário. Desisti.

Só sei que preciso de alguém que mude meus dias por que eu não quero mesmo, de forma alguma, fazê-lo sozinha. Quero muito alguém, ou simplesmente um maço de cigarros cheio. Serve também essa cafeteira expressa que mais parece um bule de ferro. Taí algo que acho maravilho, impressionante - essa cafeteira. Se um dia eu conseguir fugir para algum lugar, ela é tudo que preciso levar.

E essa chuva? Passa e volta, passa e volta. Não consegue se decidir, parece até...

Não me pergunte o quê estou fazendo. Eu não sei e bem tenho raiva de quem sabe. É sério.

Meus 19 anos estão chegando, eu já disse? Caixão branco, ainda. Mas ouvi que há certas esperanças de mudança. Mas não quero saber; esse setor de minha empresa não apetece em nada à minha pessoa.

Acho que tive um outro sonho estranho essa noite. O passado tá voltando, creio eu. Talvez tudo esteja começando a bater, finalmente.

Estou amando minha letra nesse caderno. Queria carregá-lo pra vida.
Estou também pensando em espalhar post secrets pela faculdade, mas me atropelaram e vieram com bilhetinhos aleatórios muito antes que eu pudesse tocar esse projeto furado pra frente, é. Meu nome apareceu em um desses, falando nisso. O último.

Não adianta contar carneirinhos, porra. Eu já disse. Esse vazio não passa.

Saudades dos tempos de Empório e vinhos baratos na orla de Ipanema. Minha adolescência em cativeiro tem se sentido muito idosa ultimamente.

Talvez esse seja o meu problema e eu esteja em crise de meia idade e só agora o percebi. Tem nada não, eu vou mudar. Vou dar um corte nesse cabelo e arrumar uma outra tatuagem. Ou então só mudar do Lucky Strike; nao preciso de sarcasmo até mesmo no veneno de rato que trago.

E ainda por cima estão controlando meus cigarros, meus passos, supiros. Mas não minhas mãos; arrepios. Vertigens.

Anda tudo meio fora de nexo, como sempre; feito essa caixa do kinderovo de páscoa - não fecha, não encaixa nem por um caralho. Talvez eu precise mesmo voltar a emagrecer.

Taí outro dilema. Incrível como uma coisa puxa à outra, não é mesmo? Engraçado que me lembrei agora, e nem sei o por quê, de uma conversa que tive com a Fernanda, no Empório (saudades dessa menina; e dessas que pulsam). Com uvas verdes e saquês e tempo de sobra em nossas mãos em um de nossos gloriosos sábados de aleluia pessoal, entre cigarros e estrangeiros, invasores secos de nosso paraíso enlatado, puxamos fendas de uma face à outra, criando nossa própria corrente de ouro; de planos, de sonhos, de...
a banhamos em um desses dois Oceanos que eu nunca lembro qual é. Vai de um continente ao outro, essa nossa corrente. É pra sempre - eu mesma já a testei.

Falando nisso, "mesma" existe? Lembrei agora que preciso estudar Português. Estudar e emagrecer; o ombro tá roçando gorduroso nessa camiseta velha e vermelha que não tiro há três dias.

Engraçado permanecer numa vida que só segue girando num mesmo ponto fixo dessa engrenagem qualquer. Principalmente quando tanto se esperou aquela carta aos 11, a mão divina que tiraria a merda da frente do ventilador. Mas ela nunca nem sequer fez menção de chegar. E aqui continua-se na mesma, só que agora o fedor já está ficando insuportável. Os Correios brasileiros são mesmo uma merda.

Quero viajar. Talvez eu realmente fuja, mas antes preciso comprar aquela cafeteira. Vou pesquisar sobre ela no google. É assim, prata, feito um bule de ferro, como eu já disse. Ou seria de alumínio? Se for, é dos grossos. Mas me parece ferro; toquei e senti ferro. Dá para três xícaras, seu café. Abri a bichinha, examinei-a de rabo a cabo, de dentro pra fora e vice-e-versa e toda ao avesso. Mas confesso que ainda não entendi como sai algum café de lá. Ou como ele ali entra, enfim. Mas eu quero.

Preciso também de silêncio. Meu cérebro está prestes a explodir, ou talvez tão somente eu mesma (mesma?). Acho que vou perder a maldita das estribeiras (não que algum dia eu sequer já tenha feito idéia do que diabos viria a ser isso, estribeiras).

Preciso da cafeteira, de silêncio e de alguém. Fumante, de preferência; meu golpe de sorte. Não sei se quero ou se sequer deixaria correr o risco de permitir dar certo (ou de ser o mais correto, enfim). Não quero que perca a graça, entendes? Mas preciso do enjôo, do nervoso e medo constantes; de aceitar jogar só pra perder. Mas... sei não.

Alguma hora, até o mais infeliz dos insônes tem que cair e se deixar dormir.

your check out is at noon.
and then everything went grey once again. "That's the way I like it", she said. But it'll hurt, it's too deep, too expensive, voices were heard. But it was written all over her fucking face, glowing; her sex was bubbling up as you stood corrected. Those four letters me. That's the way we all learn to like it, indeed.   

além do ponto²

enrolo os braços em volta das costelas, sozinha.
o céu cai em água podre e nojenta, uma maravilha.
meu palácio dos restos de seu império indecente
desmonta podre, levado e lavado nessa água benta.

mergulho solta, pura num sono tranquilo em seu pudor.
fecho os olhos e enforco a dor em teu cantar
lava o sangue e a merda das minhas lembranças, Senhor
abençõa quem sente dor e não sabe chorar.

promete que essa chuva que me afoga um dia terá seu fim
que a enchente que a engole, serena, um dia chegará a mim
inunda minha armadura, pode vir. estarei esperando por aqui.

mas me apaga dessa terra, eu te suplico.
esquece as regras, as métricas;



                                              porque eu desisto.
vem cair sobre mim, mar do céu. só me leve conti go.

terça-feira, 6 de abril de 2010

no one ever knows, baby, and yeah, nobody cares.

nothing gets crossed out

Decidi que hoje era dia de escrever.
Acordei sozinha, atrasada, entupida. O mundo lá fora se afogava, parado, e era chuva que não acabava mais, com as nuvens tapando o quadrado de visão da minha janela que eu costumo conhecer. Meus pais e irmã reunidos na sala, atentos à voz irritante da âncora do Globo News, apreensivos com a porrada de água que atingia o Rio de Janeiro. “Dia de escrever”, pensei.
Já faz um certo tempo que não venho aqui, eu sei (o quê, aliás, apenas aumenta a minha desconfiança de que ninguém mais vem aqui, talvez a tanto tempo quanto eu) e essa manhã de aspecto cinzento e clima nostálgico me deu saudade desse cantinho. Então, como já disse, era dia de escrever.
Mas agora já nem é mais manhã e acabei de deitar na cama com o laptop servindo de cobertor, esquentando minhas banhas. Quero escrever e sei sobre o quê, mas não encontro o caminho. Sei qual esquina dobrar, mas não sei onde diabos está o começo. Quero escrever algo que seja bom de ler, não só de cozinhar, entendes? Por que, você sabe, escrevo para desabafar (terapia anda cara hoje em dia, só pra constar) e depois que termino – e o faço com um certo orgulho, deveria dizer – nem mesmo eu consigo sobreviver por um texto inteiro. Quero algo diferente. Senso, cadê?

Peguei uns livros, selecionei aquela playlist esperta no Grooveshark, acabei com o cigarro da minha avó enquanto a cobertura em tempo real do temporal rolava solta só para me distrair... enfim, inspiração viria na certa, certo? Errado. Mas estava tudo completo, tudo perfeito para garantir mais um texto seboso de drama, dúvidas e todos os temperos aos quais costumo recorrer quando tento criar alguma coisa. Mas algo não encaixava. Ficar ilhada no décimo primeiro andar, seca e com calor, enquanto o mundo lá fora se desmanchava em água suja não me basta mais... quero mudar de lugar.

Ou não. Mas procurei estágio, procurei cursos, resolvi que mudaria de profissão (já mudei de cabelo, de corpo, não há mais o que mudar por aqui...) e, no final das contas, a mesma necessidade, agora já gasta e antiga o suficiente para incomodar, continua aqui, corroendo que nem essa suposta fome selvagem que sempre me acompanha.
Não que eu me preocupe de verdade com o futuro, mas, mesmo assim, a sensação de vaguear por aí aleatoriamente já está machucando. Viver sem correntes, pregando o desapego, é como passar o dia andando pelo Saara com uma pedra numa sapatilha da Melissa. E uma alguns números maior que o seu pé, na verdade. Que entra e sai à toda hora, simplesmente não encaixa e, ainda assim, você não consegue tirar a maldita da pedra de lá. Logo você já está tendo um ataque de nervos, literalmente, e uma simples pedrinha no seu sapato da temporada toma a forma de seu limite, neon, piscando à sua frente. É.

Mas e conseguir produzir algo que possa se travestir de útil, onde entra nisso?

Então, já que a terapia continua cara e com essa chuva lá fora duvido que algum terapeuta esteja dando plantão, cá estou eu, roubando seu tempo num dia precioso para cariocas como esse. Não peço desculpas dessa vez porque eu realmente preciso disso. Só peço que volte. Seja feito filho pródigo, seja para me apedrejar (tenho uma vibe de Madalena muito louca, você já deve ter percebido) ou para simplesmente passar por aqui e confirmar que continuo viva; não importa, só volte. Odeio me sentir sozinha.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Resolvi (é, de novo) abrir os comentários e provavelmente eles vão permanecer assim por um bom tempo (quer alguém comente, quer não).
Mudei também o layout, chega de matar olhos alheios, certo?
Tudo isso porque resolvi fazer um blog novo, uma espécie de portifólio, e quando terminá-lo, edito o post e coloco o link aqui, oks? :)) Mas isso não quer dizer que eu vou largar esse aqui não, ow! Aquele é só para textos e fotografias mais relacionados à minha pseudo carreira de jornalista~~.


Enfim, só isso. :( xx


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

WAT

Your past life diagnosis:

I don't know how you feel about it, but you were male in your last earthly incarnation.You were born somewhere in the territory of modern Ireland around the year 950. Your profession was that of a banker, usurer, moneylender or judge.
Your brief psychological profile in your past life:
Bohemian personality, mysterious, highly gifted, capable to understand ancient books. With a magician's abilities, you could have been a servant of dark forces.
The lesson that your last past life brought to your present incarnation:
Your task is to learn, to love and to trust the universe. You are bound to think, study, reflect, and to develop inner wisdom.
Do you remember now?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Você acaba onde tem que acabar”
É na primeira ferida que você aprender a gostar da dor.
Você acaba onde tem que acabar”
Sem medo agora, vai até o fim.
Você acaba onde tem que acabar”
Mais fundo.
Você acaba onde tem que acabar”
Mais.
Você acaba onde tem que acabar”
Gravado à faca no meu cérebro.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

espasmos

    E então o sinal se pôs vermelho; parou na avenida chuvosa de Botafogo. As luzes frias da orla não se misturavam com as luzes quentes, com aquele sinônimo tão conhecido de “amor” e “família” do shopping agora natalino, tal qual óleo e água. Papais Noéis emagrecidos pela crise carregavam nas costas seus sacos já não mais tão cheios enquanto rostos cansados voltavam do trabalho, seguindo a coreografia. Era só mais um outro final de dia.
Ligou o som, desligou o som. O sinal abriu, correu, outro sinal fechou. O curto caminho do trabalho pra casa sempre esticava quando era sexta-feira, com aqueles infelizes sortudos atravessando a ponte para mais um final de semana feliz na casa de praia. `Tá aí algo que ela nunca entendeu – casas de veraneio para moradores da Avenida Atlântica; todos branquelos até que se toque o sino.
    Assisti Manuela brigar com o controle da garagem para, depois de alguns palavrões, finalmente entrar. Vi-la deixar o cigarro de filtro vermelho cair no tapete do carro, assim como a vi se abaixando com cara de dor para o pegar. O hábito de se estressar com um trabalho sedentário e de pular refeições para rechear-se de cigarro e café a tornaram fina, quase tão transparente quanto sua presença a olhos nus; a corpos diluídos.
    Subiu afobada as escadas de casa, desviou de algumas baratas, combinou consigo mesma de dedetizar a casa (mas não esse mês, a conta de telefone veio alta de novo. Talvez fosse hora de acabar com os trotes por um tempo...), enfim, entrou em casa sem bater. Para alguém assim, entrar em casa sem bater é o alarme da solidão (mesmo que para alguém assado seja a prova da independência...); para essa ''pessoinha'', independência havia se tornado ilhamento.
    Entrou chutando o salto e acendendo outro cigarro. As vezes me pergunto o quê causa à Manuela tanto estranhamento em sua capa de ser humano. Ela não é feia, se é que você me entende... ela só não é... ela (ou ele, ou o quê seja). Penso até mesmo que se fosse para categorizar a menina em alguma espécie, ela seria uma outra, uma nova. Nem a nem b, um x. Ou melhor, um x não, um x não porque todo mundo é x entre quatro paredes, ela seria um , mas um desses sem valor, sem raiz quadrada.
De qualquer forma, lá ela estava jogada, no meio da sala, fumando feito uma puta de esquina, com as pernas abertas feito bailarina, a mente vazia enquanto a fumaça tomava conta do pequeno quadrado de seu conjugado.
    Os minutos dançavam lentamente, sem nunca sair do compasso, embalando a fumaça nessa valsa constante, tal qual oxigênio. Inspirava, expirava, piscava; existia. “O quê você faz da vida?” “Qual o seu nome?” “O que você pretende fazer quando 'w' acabar?” “O quê...” “Como...” Moveu os dedos dos pés, alongou as pernas, atrofiou-se. “Quem é você?” E assim mais um ato se acabava, a mão alcançava o isqueiro e logo todos voltavam das pequena pausa para apreciar um outro, fresco, inédito ato de inalar e exalar mais de 4.500 substâncias prejudiciais à saúde.
    É difícil dizer o que se passa na cabeça de alguém quando o assistimos fumar, assim tão compenetrado. É difícil dizer o que se passa na cabeça de alguém que passa por nós com cara de cu. É difícil dizer o que se passa na cabeça de quem senta ao seu lado oito horas por dia, de quem te pariu, de quem dorme em sua cama... mas uma coisa é certa, nada é.



















                                                                                 chega