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segunda-feira, 12 de maio de 2008

God knows what I'm talking about

Menina bonita, sem rosto e sem nome,
Seu corpo esguio mataria um homem.
Titio quer um passeio; vamos tirar uma foto?
Você não berra; você ama como eu toco?

Menina bonita, sem idade e sem dor.
Vamos, não grite; pra quê tanto pudor?
Meus dedos solam em tua dor, pequena.
O quê papai não vê não é meu problema.

Menina bonita e sem alma,
Um dia o coração sara.
Sorri que tu retomas a calma.

Menina bonita e sem cara,
Um dia titio vai embora...
Nesse dia você sara...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Marieta


Quantas pessoas cabem dentro de uma? Se o fardo está muito pesado, onde diabos ela iria largá-lo?
E é guardar e esperar e ver no que vai dar. E cozinhar a mente para chegar até onde eles querem com toda essa carência de Vitamina D em seu organismo, que não vai mudar em nada se continuar alimentando-se de luz azul.
E se Marieta pudesse, eu sei que ela faria. Enforcaria todos eles, de um a um, para não sobrar mais nenhum sequer. Depois correria como se isso pudesse salvar sua vida com as lágrimas secando ao vento, a pele ardendo de tão esticada e seus olhos de tão inchados praticamente sumiriam.
Marieta conta seus sonhos para quem não deveria ouvir. Conta sobre como amaria usufruir de seu direito de ir e vir, mas ninguém acredita. Marieta já está velha demais para alimentar-se de sonhos e nem é bicho pra se sustentar do quê guarda em seu tecido adiposo; talvez seja hora de ingerir alguns alimentos de verdade.
E ela chora e engasga e quase se vomita e pode sentir o cheiro da loucura chegando; e está bem perto, pertíssimo. Mas a menina não está maluca, só um pouco confusa. Caiu no clichê do papo de sanidade financiada e hoje gasta seus dias a escrever linhas mergulhadas na infâmia.
Ainda assim, Marieta é tão eu e nem um pouco você. Não sei onde essa vadia começa, tampouco onde termina. Incrustada entre minhas entranhas, grudada em minhas artérias acaba passeando por minha corrente sangüínea como se fosse veneno meu. E a seringa só acalma, pouco ajuda. Essa paz amiga que vai aos poucos diluindo o quê me mata tão lentamente...
A menina morde a língua e segura as idéias cavalas na mente, e é quando minha avenida abre alas para Marieta. Sempre tão calma, sempre tão alheia. Mas continuo escondida lá no fundo, com os ouvidos grudados na bateria, esperando para explodir logo d'uma vez e ver o quanto restaria de nós duas.
O triste desfile em slow motion, as alegorias caindo e os carros enguiçando. Vejo bonecos perderam a cabeça, os braços em chamas e o povo só acompanha. Passos cegos, Marieta a frente e eu presa em marcha ré fico pra trás. Depois de tantos anos fingindo já não sei como me apresentar, perdi o jeito e os quadris já não balançam mais.
Então entre o "eu" e o "você" fica um vácuo quase que impenetrável e pela primeira vez em muito, lágrimas finalmente tocam meu rosto. Nos encaramos como se fôssemos uma reflexo da outra, sem um fim ou um começo definitivo, demarcado em piloto. Nunca achei tão difícil encarar alguém olho a olho... Sem mentir (Sem Marieta para mentir por mim).
Um silêncio mortal machuca meus tímpanos e o público a corroer seus estômagos pelo suco gástrico causado pelo estresso de esperar por alguma ação, algum golpe. Mas não, eu nunca machucaria aquela que me protege. Minha melhor capa jamais vestida. Mas Marieta não era invencível e aos poucos suas fendas caem, enquanto eu assisto de camarote seu desfalecimento.
C
omo encarar o mundo sem teus olhos para me esconder? Quantas pessoas cabem dentro de uma, meu Deus? Marieta está caindo lentamente e eu não posso tocá-la, não quero voltar a encarar o mundo como antes. E trocamos papéis, agora sou a capa daquela menina hoje tão assustada.
Me recosto ao parapeito da janela, dois passos e estou lá embaixo. Dois passos e estou sem ela.
Mas essa vida que enceno é tua para aproveitar, Marieta. Vá e fuja, menina. Fuja antes que eles também lhe deixem zureta.



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WTF Moment -q: sim, abri os comentários... Mas só pq a Tati pediu. :*
E cadê meus parabéns? (: 17 anos de vida. -n

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terça-feira, 6 de maio de 2008

Abstinência

A conversa estava indo bem até eu derramar as idéias sobre o papel. Toda essa tecnologia vem comendo meu cérebro e cuspindo minha imaginação pro ralo. Meu eu-lírico anda ainda mais sarcástico, afinal de contas, são 17 anos de convivência e já temos intimidade o bastante para que ele me deixe na mão.
Tudo estava correndo bem. Os parágrafos, pontos e vírgulas excessivas passeavam livremente pela minha cabeça até eu encostar a grafite no papel e eles correrem como demônios inexperientes.
Eu já nem sei mais sobre o quê estou falando e ainda assim sinto essa urgência bizarra de desenhar contos bonitos o bastante para povoarem seus sonhos. Não, eu não quero visitá-lo durante a noite e chacoalhar-lhe as cobertas; sua cama já está muito bem povoada por vocês dois. Mas eu adoraria bagunçar sua mente moderna durante seu ócio de escritório.
Tenho tentado demais encontrar alguma vocação que não envolva sonhos de Los Angeles e jantares de Sextas com Pitt e Jolie. Mas meu eu-lírico voa longe e aterrisa em algo que não consigo encontrar nas listas das faculdades. Se penso em Medicina, eu logo correria para um Grey's Anatomy da vida. Se resolvo passear pelo Jornalismo e todo seu estrelismo, seria para viver uma Louis Lane na TV, e não para esconder-me por trás de manchetes e mentiras.
Quero aplausos. Se hoje nós somos frutos da glamurização da desgraça então sou o maior ícone dessa moçada... Deus sabe o quanto estou estragada.
Sou da geração cristal e eu bem que poderia escrever um livro e torná-lo best seller. Mas minha mente não é muito ágil e eu nunca conseguir seguir pensamentos lógicos. Meus capítulos iriam para o Espaço em dias, e com eles minhas personagens explodindo feito homens-bomba. Não gosto. No fim das contas eu criei apenas humanos falíveis, versões 2.0 ou até mesmo 5.1 de mim mesma. Ou seja, em semanas me decepcionariam ao menos na cama.
Não me contento com sonetos, quero longos textos. Pensei em ser cronista, mas isso seria muita pretensão minha já que não sei reclamar da vida e fazê-lo parecer algo divertido e otimista.
Então eu gasto minhas madrugadas a pensar, os dias a sonhar. E já são 17 anos de nada. O Vestibular já bate a porta, segurando o ENEM pela mão e eu nem sequer sei qual é a fórmula da Força. O ultimato já foi dado: Não serei porra alguma. 17 anos e nada saiu do lugar, a mente continua atrofiada e só os cornos propõe-se a mudar.
Então continuo a gastar as madrugadas acordadas. Não que eu não consiga dormir, é só que eu não sei como encarar a luz apagada. Meu eu-lírico anda sarcástico o bastante para enfiar-me em uma crise da meia-idade sem eu nem ter alcançado a maioridade.
É... Deus sabe o quanto estou estragada.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Paz em aquarela e duas "elas"


Bendito seja o sol de aquarela
Que ilumina e nutre a pele dela.
Que ultrapassa o vidro frio da janela;
Nossa sujeira e a deixa assim tão bela.

Um último fôlego antes da despedida.
O frio na barriga vem com a descida
Embalando
sorrisos na chance despida
Respiro fundo e mergulho em alguma vida.

E vísceras e dores e mentiras
Perderam toda a graça, minha menina.
Você agora é rainha e reina em minha calmaria.

Beijos que prendem medos num sagrado cativeiro.
Tenha fé, porque eu tenho, no santo arruaceiro
Que eu terei fé em seu amor certeiro.

Pequenas, tão coloridas, redondas e de tarja preta.
A carne treme enquanto a paz comprimida passeia.
Azuis e vermelhas que me separam da sarjeta.
Doutores da certeza injetam o quê minha alma anseia.

Terapias em grupo para compartilhar as boas novas.
Há meses minha lâmina permanece na sacola.
Embalo a culpa em meus braços e enxergo a paz
Afinal de contas, cansei de colocá-la em meus pais.

Aprendi que a cama fora feita para dormir
E com a boca eu até podia sorrir
Se os olhos deixasse de abrir.

Hoje já não compro o jornal,
Vivo em meu conto-de-fadas anormal.
Onde nenhum homem jamais mata seu igual.

Eu quebro o salto e o tamanco voa.
Sabia que a vida não estava assim tão boa.
Luto e reluto. Escondo e corro à toa.
Aos sons da verdade minha carne treme e a voz destoa.

Dobro a esquina em duas e tenho um pássaro.
Você passa direto, sorrindo de meu destrato.
Notas perdidas num santo desamparo.
Eu nunca devia ter acreditado.

E ainda amo-te hoje; amanhã e depois.
No final de versos, encontro começos em nós dois.
Leve minha dor como roteiro de seu show.

Ela é tua para rasgar em duas e deixar no carro.
Respire; lamba a saliva que agora te escarro.
Que sempre será meu mais precioso fardo; fato; - Descaso.

Caixas guardam segredos,
amores e desesperos.
Guardam presentes, esforços
sem valor em dinheiro.
Fiz-te uma caixa com
fotos e espelhos.
Dei-lhe amor, lhe soltei
segredos em desespero.

Garfos não machucam
ouvidos que não escutam.
Não entram em bocas
que tanto lhe abusam.
Não, não use-o, meu amor.
Deixe-o e me traga alguma nova dor.

Em tempos novos,
sonhos crescem feito uma flor
Que abre em fornos
todos sedentos de ardor.
A voz é sua
e tanto é a escolha.
O sonho ainda pulsa,
trarei-lhe uma folha.

Sua pele é macia
quando em contraste com a minha.
Uma pena saber que
realmente és o traste que eu conhecia.
Não há amor que custe
uma vida sem garantias.
Puxe o crediário,
estamos todos desacreditados.
E eu não quero uma dor
financiada nas Casas Bahia.

Caixas guardam pó,
pertences e rancor.
E quanto a minha...
Aonde a deixou?

sábado, 3 de maio de 2008

Hoje a pipoca no seu copo da Coca Cola tem gosto de gordura.
Você sabe que está ficando largo e que dispensara a ternura.
Há alguém em teu lugar, mas nem sequer treme a compostura.
Neste jogo tão querido a vida continua sem você assim tão dura.

J
oga fora o presente nesses sonhos de dias ensolarados.
N
a busca por Califórnia, deixa sua Copacabana de lado.
I
njetando cafeína no vácuo que preenche seu passado.
O gosto da noz de cola nunca lhe pareceu tão ultrapassado.

D
e três em três, de dez em dez eles se vão.
Pulam da tela direto para a palma da sua mão.
B
ens digitados que na vida real nunca contarão.

Q
ue do erro persiste a dor da falta de um acerto.
Ele cresce e aprende a perder todo o jeito.
V
ocê ainda sorri quando eles cospem a chama do isqueiro?