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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

brilhante - clarissa

Eu queria ser como você, Clarisse. Sempre tão certas das coisas, nada parece nunca alcançar você. As vezes acho que nunca ninguém conseguiria te machucar. É que você é tão brilhante.

Que quase me cega, é. De certo. Eu estava tão sozinha aqui no meu canto por todo esse tempo que você passou longe que talvez tentar te buscar de volta, te ter de volta, poderia me salvar e me carregar até lá. Não importava para onde, entendes? Só algum lugar onde eu me sentisse em casa, um alguém quem eu tivesse orgulho de dizer quem sou.

É que eu estava tão cansada. De tentar, de amar e de nada receber de volta. Nenhum pagamento, nenhum afago, nenhuma forma verdadeira de afeto. Só aquelas mesmas em fila indiana que poderiam ter as mesmas caras e curvas e cores que eu nem perceberia alguma diferença. E eu sei que eu deveria ter percebido antes, em toda a sua frieza, o que poderia ter sido meu. Mas sou tola, Clarisse. Só aprendo no erro.

Mas alguém lá em cima deve ser muito meu amigo para te botar novamente ao meu alcance. Eu sabia que você não teria mudado tanto, eu contava com isso. Algo de mim ainda devia restar no canto de algum lugar teu, debaixo do chão, atrás de memórias melhores, eu não sei. Mas alguma coisa haveria de ter.

E errada eu não estava, você nunca me esqueceu. E a hora é essa; a minha única chance de viver os filmes hollywoodianos que sempre procurei. Mas nada me parece certo, ainda, então devo sofrer por você. Por cada vez que ouço sua voz trocar um amor por um Clarissa, frio e contido.

Nada me parece certo, ainda, você nem me preencheu. Mas é tudo que eu tenho, um pouquinho mais perto do que eu preciso ver. É por isso que eu tento, vida, construir alguma coisa verdadeira dentro desse gelo teu.

Mas talvez você nunca tenha me amado de verdade, talvez eu nunca tenha te alcançado. Mas é que eu só queria ser você, Clarisse. Me perdoe se um dia deixei parecer que queria te ter.