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sábado, 25 de dezembro de 2010

"Jogue pro alto, se voltar é seu"

Queria poder pensar que você é feito um iô-iô. Que está tudo bem que você se vá tantas vezes porque você sempre volta e com força total. E só vai pois eu te soltei, eu que abri a mão e te deixei ir, te deixei cair mas, ainda, basta um pequeno impulso dessa minha mão toda cheia de veia e você voltaria, sempre forte e sempre minha. Mas não, não se perde o que não se tem. Não se larga aquilo que não se segura. Você nunca esteve aqui de verdade, apenas um pôr do sol constante e distante, quase um efeito alucinógeno, uma bad do caralho - como já ouvi falarem de você, by the way.

E é isso. São palavras e podem existir alguns gestos, tudo tão ensaiado que eu não sei. Já não tenho certeza de onde estou pisando e não gosto de areia, tenho alergia. Quero é um asfalto sobre o qual posso correr, cair, me ralar e ainda assim me levantar porque a porra desse chão é sólido o suficiente pra aguentar todo o peso que carrego dentro de mim, nas costas, à minha volta e nos bolsos. Mas não, é sempre essa idéia de praia, me entendes? Uma praia bonita, eu sei, mas tão entupida de gente quanto Copacabana em uma manhã de Domingo. Sempre algo no caminho, seja um pombo, uma pessoa ou mesmo a areia onde não consigo pisar.

Fizeram um aterro em nós, posso até te jurar. Sinto a sujeira dessa areia tantas vezes já visitada a cada passo que dou. Ou quando paro. Apenas paro e fico refletindo no por quê diabos estou aqui e não lá, em qualquer outro lugar, sozinha ou dentro de alguém. E as vezes, posso até jurar também, que essa areia é movediça. A cada tentativa de fuga, mais me afundo nisso. Mas eu sei que é tudo coisa da minha cabeça.

E então jogo tudo pro alto, por que se voltar, é meu. Se voltar, eu tive. Se voltar, é iô-iô. Aí, se eu me afundar, é só jogar de novo, soltar. Certo? Não sei. Vieram me dizer que tudo que jogamos pro alto, volta. E que o foda é agarrar. Mas eu não sei se quero agarrar ou sequer se tenho habilidade para isso. Se soubesse como, seria agora goleira de algum time grande, não eu. Não isso.

Eu quero mesmo é cuspir pro alto e pro inferno que volte na minha testa, assim bem no meio dela. Quero mais que tudo se exploda, você me entendes? Quero me enfiar n'um trem qualquer, sem destino e sem volta, só viajar por aí e de preferência em linha reta. É, em linha reta sempre. Mas não consigo, também tenho medo de trens. Então me serve um ônibus? Bem, deve dar. Qualquer um menos o 432. Vou pegar um pela cor e só arredar pé dele em seu ponto final.

E se você estiver lá, seja onde for, num ponto de ônibus, numa rodoviária qualquer ou na garagem à esquina do fim do mundo, se você estiver lá esperando por mim, é por que tinha que ser. Se não tiver um rosto conhecido por lá at all, é por que não era em sua areia que eu deveria caminhar.