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domingo, 18 de novembro de 2007

unleash the bats

Gosto de dias chuvosos. Aqueles de chuvas densas que encharcam a calçada onde você escorrega em cada esquina e cai de cara na lama. E tentar pular as poças é colocar o remédio na boca e não o engolir. É querer escapar do inevitável e ter de abraçar o irremediável logo a frente.
Verdade seja dita, eu sou mesmo masoquista. Viciada, de alguma forma bizarra, a engolir cada centímetro de podridão que há a minha volta. A saber que sou doente e que por isso não preciso entender o outro lado, já que eu sei que é o meu que está perdendo.
A minha doença é ter o ombro amigo mas não possuir a cabeça para encostar, as lágrimas para derramar. É ter a lâmina e a necessidade, mas faltar lugar no corpo para cortar. É querer se ajustar ao inajustável que é o tamanho 34. Ser pequena demais para a minha mente e grande demais para o meu corpo. É desconfiar confiando sempre. É sorrir com os olhos inchados, para não morder meus membros até arrancar pedaços grossos.
É deitar com cada face da minha sanidade, despida de toda a necessidade, insanidade e insensatez que eu puder desperdiçar. É sentir prazer em ver sofrer quem mais ama... você.
É ter cinco dedos. Abri-los. Fechá-los. Abri-los; abri-los. Quebrá-los. Calos nas pontas de quatro. É cutucar a ferida aberta até encontrar algum botão que acione a verdade; que nada mais do que não prestar. Eu não presto dentro da minha bondade. Sou suja dentro da minha própria pureza. E eu não sei como me desculpar por isso. Então eu pulo nos seios de quem me esconde; chuto o ventre de quem compra.
A minha doença tem companhia e agora esta jaze sozinha. Eu devo e nego e pago; por mim, você e quem mais aparecer. Pois a imagem que eu mais amo bancar é a de ''Jesus'' injustiçado.
Ser vilipendiada pode ser bonito e se for incompreendida é ainda mais divertido, mas ser feliz pode ser perigoso demais. Pode ser ir longe demais, se dar demais. Pode ser demais.
Eu adoeço por tentar ser humana e me ajustar. Ao aceitar o diagnóstico das três doses diárias que me mantêm longe da janela.
A minha doença é ser você, amanhã ele e depois uma boa menina. É me negar em aceitação do que melhor a roupa vestir. É mentir verdades que se contadas de trás para frente escondem o que eu melhor cuido. É polir minhas vergonhas até que elas brilhem tanto quanto meu orgulho e te ceguem em meio a tantas incertezas garantidas.
É não saber diferenciar as vermelhas das azuis na acidez do álcool e pílulas no estômago.
É ser profissional em mentir e falhar em receber. É ser hipócrita enquanto verdadeira.
É vestir a camisa e ir à luta por uma causa já tão esquecida e fora de moda.
É querer viver sem existir. Errar sem sentir e acertar sem conseguir. É ser... É...