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quinta-feira, 2 de julho de 2009


Há pouco arrumei este jardim
Terra fofa, negra e quente
Recheada de sorrisos e piadas
Cravando tuas raízes em mim
Abrindo o caminho para os crentes
Desobstruindo o inviável.
Há pouco cultivei estas flores
Na terra quente, fofa e negra
Coloridas, frutos de tuas dores
Quando hoje a raiz se desintegra.
Não há espaço para o perdão
Onde cresce tanto orgulho.
Onde descansam os gritos abafados
De um desespero quase nulo
Que rasga o peito do ignorante
Lá no alto, quase inalcançável
Implorando por um pouquinho de atenção
Um carinho pra este ser tão abalado.
Há pouco fugi deste campo
Que cresceu feroz e veloz
Engoli tuas ervas daninhas
Fechei os olhos e segui andando
Carregada por este orgulho atroz.
Então, como quem não quer nada,
Como quem vem só por vir,
Volte e não diga uma palavra
Volte e me faça sorrir.
Por que meu orgulho me desconcerta
E a dor da solidão me desintegra
Mas não posso abrir mão
Do que com tanta força construí.
Essa proteção feroz em ação
Meu inabalável muro de Berlim.

Apenas volte, amigo, volte para mim.

Pois você me conhece tão bem,
Lê-me como ninguém.
E de cor, eu sei, você sabe
Não sou apenas paisagem.
Eu sou a mais alta das ilhas.
A mais dura das ilhas.
Incalcançável.