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terça-feira, 15 de março de 2011

a arte de ter razão.

Sou expert na arte de convencer pessoas, mesmo que quase nunca eu tenha razão. Não sei se são meus olhos, algum gingue na expressão corporal ou só a minha habilidade de falar as coisas certas na hora errada mesmo. Não sei... não faço idéia de quem eu puxei isso, talvez do meu bisavô estelionatário ou do nazista, mas sei que esse dom sempre me levou muito mais longe do que qualquer verdade que eu tenha tentado seguir. Mas, como tudo nesse mundo, algumas vezes ele também falha e até comigo mesma. Me encaro no espelho e, mesmo que esteja vendo três de mim através de um caleidoscópio, me encaro nos olhos e repito o quê devo até achar que me convenci. E então respiro fundo e saio para viver. Mas não, alguma hora tudo falha. E eu também.

Porém, se existe algo nesse mundo que eu odeie com todas as minhas tripas é gente indecisa; exatamente por eu ser a pessoa mais indecisa da paróquia e saber o quanto isso pode ser irritante. O quê eu quero agora não é a mesma coisa que eu vou almejar meia hora depois, mas tudo tem um mojito - eu me engano, me deixo levar, mas meu subconsciente sempre aciona o alarme e me avisa de que é a hora de pular pra fora do barco por que não tem Jack algum pra congelar mar afora só para deixar o piano todo para mim. É. Não tem um Leonardo DiCaprio morrendo por mim não.

Mas minha vida tem de tudo para ser um grande filme hollywoodiano - as tramas, os dramas, as personagens filhas da puta, tudo e ainda mais um pouco. Acho que nem Maria do Bairro sofreu tanto quanto eu ou A Usurpadora já fudeu tanta gente quanto quem vos fala no momento. Para me barrar, nem Paola. Talvez depois de uns Josés Cuervos, mas ainda assim? É difícil me topar. E apesar de toda a minha fama de que não valho o chão em que piso ou o pão integral que como, ainda assim tem gente que acha que pode me fazer de boba e sair lucrando com isso, ali pelo cantinho, meio que pela esquerda, sem saber que a vida é na verdade um boomerang e toda merda que vai, volta. Se você cospe pro alto de certo vai voltar na sua testa, não importa o quão sagaz você se considere ser. Ninguém consegue escapar das próprias armadilhas, é a vida; mas como diria Caio, é doce. A vida é um doce e ou você cai de boca nela sem ligar para as calorias ou os efeito retardatários ou vai passar o resto de seus dias ali, sentada, só assistindo a banda passar. E, venhamos e convenhamos, nada dói mais do que assistir espetáculo alheio enquanto o seu não sai das coxias - ou sequer do papel.

Mas tudo isso não tem me entristecido não, não mesmo. Enquanto algumas pessoas não engolirem o seu orgulho e aceitarem que são tão merdas quanto sempre fui e a stripper da esquina há de ser, enquanto isso não me doerei em nada, não me doarei em mais nada. Já não vejo mais lucro e estou me esgotando de razões para continuar apostando nessa Bolsa que está caindo mais rápido que a do Japão - nosso balanço está em queda livre. Não há mais motivos; o único que realmente importava, o alguém quem realmente importava, não está mais ali. E nem em lugar algum. Foi diluído por algum álcool barato, algumas outras moças, não sei. Mas tão diluído fora até virar eu. E eu por mais eu, sou mais eu mesma, entendes? Minha liberdade de ser quem eu quiser depois que o Sol baixar, me apresentar com o nome que mais me convir e, principalmente, tomar decisões que eu assumirei no dia seguinte por que isso sim é maturidade. Não fugir para o alto do pedestal e abrir os braços lá em cima, inflando o peito de ar e orgulho, afirmando, como sempre, não cometer erros, não enxergar seus erros, não perceber que também pode cometê-los e que o faz com mais frequência do que uma criança de sete anos. Isso não é ser maduro, definido na vida e muito menos divertido. Sim, maturidade é enfiar o pé na jaca, tomar o que não devia, ter todas as experiências que a vida pode lhe proporcionar e assumir tudo, desde os erros até os acertos mais adoráveis ou frutíferos, assumir tudo no dia seguinte e tentar aprender o máximo com isso. É viver o aqui, o agora e o de verdade. Isso sim é crescer, não o quê você está fazendo.

O quê você está fazendo é fugir, é tentar segurar com suas mãos trêmulas a alegria que nunca vai se tornar felicidade. 'Cause I've been there, I've done that. Enquanto o Sol não sobe tudo é lindo e nada dói, mas no dia seguinte a batalha continua. A diluição também. E de gole em gole, de shot em shot, você vai se transformando em alguém que nada vale e menos do que lixo é. Pois lixo ainda se recicla, agora um você destruído? Só jogando tudo fora e recomeçando do zero.