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sexta-feira, 29 de agosto de 2008


A baratinha era feia e fedorenta. A baratinha feia e fedorenta sonhava em ser borboleta. Mas papai e mamãe diziam que não, não, não; baratinha que nasce feia morre feia e não borboleta de alfazema.

A baratinha era pobrezinha de tão burrinha. A baratinha burrinha sonhava em voar pra chegar ao arco-íris. Mas a amiguinha dizia que não, não, não; baratinha burrinha não voa e nem nunca vai sair do chão.

A baratinha era feliz de tão vazia. Não comia e nem dormia, só sonhava com sua alegria de celofane rosa - choque. A baratinha vazia não sabia se chorava ou se ria, mas a baratinha vazia pagava o quê devia.

Baratinha que nasce burra não voa e nem chega a Lua. Baratinha que nasce feia não chega nem ao outro lado da rua. Mas baratinha que nem essa sonha, sonha e luta por que sabe que um dia vai morder a tal fruta.

A baratinha era lerda e surda. A baratinha sonhava em virar borboleta da noite pro dia pra não se demorar na despedida. A baratinha era jogada de lado que nem dente-de-leite depois de esmigalhado e murcho. A baratinha era assim feito eu que nem canta, nem dança pois só as borboletas de alfazema feito a queridinha brilham.

Oh, olhe só! Uma história cheia de moral e valor da baratinha que nunca levou uma curra. Corra, curra, cura. A baratinha tinha a doença da alegria mas oh, veja só! Eu tenho a cura. A baratinha sonhava que ia além, mas a baratinha era cega pro longo caminho de sua vida e oh, escute só! A coitada da baratinha realmente achava que o caminho era assim tão curto.

Pobre, oh pobre baratinha. Você é feia, fedorenta, burra, feliz, vazia, lerda e surda. Pobre de ti, baratinha, que realmente acreditas na alegria nossa de cada dia, servida com pão e água. Alegria, alegria, alegria. Vamos! Diga, baratinha. Diga o quanto tu queres o lugar da borboletinha.

A baratinha era feia e fedorenta.

A baratinha era pobrezinha de tão burrinha.

A baratinha era feliz de tão vazia.

A baratinha era lerda e surda.

A baratinha ‘tá tristinha por que encontrou o verdadeiro sentido da vida.

Pobrezinha, pobrezinha.

Oh coitadinha.

A baratinha ‘tá caladinha por que sabe que chegou seu dia.

Coitadinha da sonhadora baratinha.

Oh pobrezinha.

Baratinha de minha vida, acho que seu nome vem do meu. Baratinha, baratinha perseguida. Baratinha fedida. Fudida. Baratinha, baratinha, baratinha. Bala tinha. Bala lá tinha. Baratinha de tinta.

E eu já nem mais sei do quê falo.